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terça-feira, 24 de agosto de 2010

Ainda YOGA, sempre Yoga

Por que a gente pratica Yoga?

Tive um professor em Nova York que fez essa pergunta certa vez, durante uma aula de Yoga particularmente difícil. Estávamos todos dobrados naquela exaustiva postura lateral do triângulo, e o professor nos fazia manter a posição durante um tempo demasiado longo para o gosto de qualquer um de nós.
- Por que a gente pratica Yoga? — ele tornou a perguntar. — Será que é para ficarmos um pouco mais flexíveis do que os outros? Ou será que existe algum propósito maior?
Yoga, em sânscrito, pode ser traduzido como "união". A origem da palavra é o radical yuj que significa "pôr cangalha em", dedicar-se a uma tarefa com a disciplina de um boi. E a tarefa do Yoga é encontrar união - entre mente e corpo, entre o indivíduo e o seu Deus, entre nossos pensamentos e a origem de nossos pensamentos, entre professor e aluno, e até mesmo entre nós e nossos semelhantes às vezes tão pouco flexíveis. No Ocidente, conhecemos o Yoga sobretudo por meio de seus agora famosos exercícios para alongar o
corpo, mas isso é apenas o Hatha Yoga, um dos ramos dessa filosofia. Os antigos
desenvolveram esses alongamentos físicos não para deixar o corpo em forma, mas sim para soltar seus músculos e sua mente de modo a prepará-los para a meditação. Afinal de contas, é difícil permanecer sentado durante muitas horas se o seu quadril dói e impede você de contemplar a divindade que reside dentro de você porque está ocupado demais contemplando o seguinte pensamento: "Nossa, como o meu quadril está doendo."
Mas Yoga também pode significar tentar encontrar Deus por meio da meditação, por meio do estudo erudito, por meio da prática do silêncio, por meio do serviço da devoção, ou por meio de um mantra - a repetição de palavras sagradas em sânscrito. Embora algumas dessas práticas pareçam ter uma derivação bastante hinduísta, Yoga não é sinônimo de hinduísmo, nem todos os hindus são Yogues. O verdadeiro Yoga não compete com nenhuma religião, nem a exclui. Você pode usar o seu Yoga - as suas práticas disciplinadas de união sagrada - para se aproximar de Krishna, Jesus, Maomé, Buda ou Javé. Durante o tempo que passei no ashram, conheci devotos que se identificavam como praticantes do cristianismo, do judaísmo, do budismo, do hinduísmo e até do islamismo. Conheci outros que preferiam não falar de sua filiação religiosa, algo pelo qual, neste nosso mundo de disputas, não se pode culpá-los.
O caminho do Yoga consiste em desatar os nós inerentes à condição humana, algo que definirei aqui, de forma extremamente simplificada, como a desoladora incapacidade de sustentar o contentamento.
Ao longo dos séculos, diferentes escolas de pensamento
encontraram explicações diferentes para o estado de aparente falha inerente do ser humano. Os taoístas chamam-no de desequilíbrio; o budismo, de ignorância; o islamismo põe a culpa de nosso pesar na rebelião contra Deus; e a tradição judaico-cristã atribui todo o nosso sofrimento ao pecado original. Os freudianos afirmam que a infelicidade é o resultado inevitável de um embate entre nossas pulsões naturais e as necessidades da civilização. (Como explica minha amiga psicóloga, Deborah: "O desejo é uma falha de design") Os Yogues, no entanto, dizem que o descontentamento humano é um simples caso de identidade equivocada. Nós somos infelizes porque achamos que somos meros indivíduos, sozinhos com nossos medos e falhas, com nosso ressentimento e nossa mortalidade. Acreditamos equivocadamente que nossos pequenos e limitados egos
constituem toda a nossa natureza. Não conseguimos reconhecer nossa natureza divina mais profunda. Não percebemos que, em algum lugar dentro de todos nós, existe um Eu supremo que está eternamente em paz. Esse Eu supremo é a nossa verdadeira identidade, universal e divina. Se você não perceber essa verdade, dizem os yogues, estará sempre desesperado, idéia expressa de forma inteligente na seguinte frase irritada do filósofo estóico grego Epíteto: "Você leva Deus dentro de si, seu pobre desgraçado, e não sabe disso."
Yoga é o esforço que uma pessoa faz para vivenciar pessoalmente a sua divindade, e em seguida para sustentar essa experiência para sempre. Yoga é domínio de si e esforço dedicado a desviar a atenção de reflexões intermináveis sobre o passado e preocupações infindáveis com o futuro para, em vez disso, conseguir buscar um lugar de eterna presença, de onde se possa olhar com tranqüilidade para si mesmo e para o mundo ao redor. Somente dessa perspectiva de equilíbrio da mente é que a verdadeira natureza do mundo (e de você próprio) lhe será revelada.
Os verdadeiros yogues, de sua posição de
equanimidade, vêem este mundo todo como a mesma manifestação da energia criativa de Deus - homens, mulheres, crianças, nabos, piolhos, corais: tudo isso é Deus disfarçado.
Mas os yogues acreditam que a vida humana é uma oportunidade muito especial, pois somente na forma humana, e somente com uma mente humana, é que a percepção de Deus pode ocorrer. Os nabos, os piolhos, os corais - eles nunca têm a oportunidade de descobrir quem realmente são. Mas nós temos essa oportunidade. (do livro: "Comer, amar, rezar" de Elizabeth Gilbert

Osho

Yoga é um aperfeiçoamento decisivo. É uma total reviravolta. Quando não estão se movendo para o futuro, não se deslocam para o passado, então você começa a se mover dentro de si mesmo - porque sua vida é aqui e agora, e não no futuro. Estar presente aqui e agora, você pode absorver essa realidade. Mas então a mente tem de estar aqui. Yoga é uma ciência - é apenas um acidente que os hindus a tenham descoberto. Não é hindu. É uma matemática pura do ser interior. Portanto, um muçulmano pode ser um yogue, um cristão pode ser um yogue, um Jain, um bauddha pode ser um iogue. Yoga é a ciência pura, e Patanjali é o maior nome do Yoga. Este homem é raro. Não há nenhum outro nome, comparável à Patanjali. Pela primeira vez na história da humanidade, este homem trouxe a religião para o estado de uma ciência: ele fez da religião uma ciência. Porque as chamadas religiões precisam de crenças. Não há outra diferença entre uma religião e outra, a diferença é apenas de crenças. Um muçulmano tem certas crenças, um hindu certas crenças, um cristão certas crenças. A diferença é de crenças. Yoga não tem nada, tanto quanto a crença está em causa; yoga não diz acreditar em qualquer coisa. Yoga acredita na experiência. Assim como a ciência diz experimento, yoga, diz a experiência. Experimento e experiência são a mesma coisa, os seus sentidos são diferentes. Experimento significa algo que você pode fazer fora; experiência significa algo que você pode fazer lá dentro. A experiência está dentro de um experimento (do livro de Osho: "O Alfa e o Ômega")